Back for good


Quando estudava, tinha um horário do pior que há. Muitos buracos por preencher e dias inteiros fora, para ter uma aula de manhã, e outra ao fim da tarde. Virei-me para o ginásio mais perto, para preencher os espaços livres e aproveitar para descontrair (tinha sauna). O tempo passava mais rápido e, quase sem dar conta, deixei de passar sem aqueles momentos. Mais tarde, já a trabalhar, descobri aquele que será sempre o meu ginásio do coração (sim, tenho um): o Club House, no Parque das Nações. Sem lacunas no horário, sobravam-me os acordares às sete da manhã e as horas de almoço. Os primeiros, para um treino completo. As segundas, para correr 40 minutos seguidos, porque não tinha tempo para mais. Descontava na passadeira as frustrações da manhã, e tinha comigo os diálogos sem censura que não podia ter num ambiente profissional. Foi assim que passei dos 5 minutos sem fôlego para quase uma hora sem me sentir cansada. E todos os dias queria fazer mais, um bocadinho mais. E todos os dias conseguia, todos os dias sentia realmente que podia ir para casa de missão cumprida. As tardes já passavam de outra forma, e tudo corria com outra motivação.

Entretanto mudei de trabalho, e com uma nova morada, tive que deixar para trás os hábitos antigos. Com duas inscrições em ginásios que não resultaram, pelo meio, ora porque não eram o meu ginásio, ora porque estavam demasiado fora de mão para o serem, contam-se pelos dedos das mãos (vá, duas ou três vezes pelos dedos das mãos) as idas ao ginásio dos últimos 2 anos. Contam-se muitas outras coisas que vieram com esse abandono, pois está claro, mas sobretudo, faço subtrações involuntárias à minha boa disposição diária. Constantemente. Porque parece que falta algo, que nem sempre sei bem o que é. Mas falta. O meu sítio para gritar mentalmente enquanto a passadeira vai contando quilómetros. Para descarregar energias, para sentir que, pelo menos por lá, se as coisas correm bem ou não, é apenas da minha responsabilidade e controlo.

Hoje retomo essa política. Porque há mudanças que vêm por bem e que nos permitem resgatar uma parte que já estava meio perdida. Porque tenho um ginásio a dois minutos do novo local de trabalho, com avaliação (ou não, não, não) marcada para esta hora de almoço. 
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