Mas porque é que os homens nunca dizem o que realmente querem?

                                    Ryan Reynolds e Sandra Bullock

Ou é porque nos queriam fazer a vontade, ou é porque era "para o nosso bem", ou mesmo - e a mais real - porque lhes dava menos trabalho. Enrolam, embrulham, engonham e não dizem. Partem um prato e preferem colar os bocadinhos e fazer uma cara de espantados quando descobrimos o que aconteceu do que alguma vez admitir que o fizeram. Quando dão por ela, já não conseguem voltar atrás; a tanga vai tão grande que mais parece que partiram o serviço inteiro. Ou então fingem que não foi nada com eles. "O quê? Falta um prato? Tens a certeza? Não dei por nada". E andam nisto, com o ar mais inocente do mundo. Não sei se realmente não percebem que topamos logo, ou se preferem agir como se não tivessem percebido. Entre as duas, venha o diabo e escolha.

O cabelo cresce, as roupas mudam, ficam mais altos, arranjam trabalho e até parecem senhores, quando nos cruzamos com algum na rua. É mera ilusão: lá dentro continua tudo a funcionar exactamente como quando tinham 5 anos. A cama é para deixar sempre por fazer, a barba que aguente o que aguentar (que é como quem diz: até algum ser do espécime feminino começar a resmungar) e as preocupações são coisa de mulher stressada (o que na cabeça deles equivale a todas).

Portanto, e para que fique esclarecido, é muito mais fácil, mais simples e confortável dizer que sim a uma mulher do que parar, formular uma frase e explicar o que realmente lhes apetece. Para opinar e escolher o filme de pancadaria em cartaz no cinema, estão sempre prontos. Aí não há quem os pare: "ai porque quero", "ai porque estou farto de ir contigo ver os cor-de-rosa", "ai porque estes é que são giros com homens que voam, motas e/ou sangue". Agora, para dizerem coisas que realmente importam, para fazerem disso, para fazerem disso é preciso espreme-los. Às vezes desembucham depois de conversa de good cop. Outras é preciso pregar-lhes um valente raspanete. É conforme os dias e o nosso humor, mais do que as suas necessidades. E era tudo tão mais fácil, mais simples e confortável se tivessem contado do prato partido desde o início. É coisa a que não se liga, ou coisa que passa depois de um mini-drama, vá. Já tudo o que vem de acrescento é coisa que me intriga, e que, dependendo dos dias, me pode tirar do sério.

Se nós é que somos complicadas, porque é que eles escolhem os caminhos mais difíceis? A lógica da preguiça de contar a verdade, do medo de admitir  ou da teoria do "evito chatices acima de tudo" só as cria/ amplia. É que se estendermos esta conversa de cozinha a tudo o resto, que na realidade ninguém aqui quer saber de pratos, ou serviços, posso afirmar, com toda a segurança, que poucas coisas me fariam mais feliz do que doses bem aviadas de verdades, daquelas directas e nestes casos. Porque, no fundo, e embora eu quisesse as coisas de uma maneira, percebi desde o início as razões da segunda opção, e percebi também que ele as preferia. E se é assim, porque é que tenho de ser eu a puxar o assunto?
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