Aviso: A conversa desta noite é privada. Somente devem ter acesso ao conteúdo deste post as milhares de pessoas que já viram Shutter Island. Ao longo do texto que se segue, poderão ser fornecidos elementos/pistas que facilmente influenciarão a forma como irão olhar para a história no grande ecrã.
Sou a favor da teoria da conspiração. Edward/Teddy nunca foi paciente do hospital psiquiátrico para criminosos. Nem sequer criminoso. Não esteve na ala A, B ou C se não para prosseguir com as suas investigações. Começou a levantar suspeitas e foi atraído para a ilha onde o tentaram convencer de que era apenas mais um doente. O que, confessemos, não é uma propriamente uma proeza, dado o ambiente. Logo no início do filme e, antes mesmo de entrar no hospital, a conversa entre Edward e o guarda que o leva do ferry à instituição termina com um "até parece que a demência se pega" (estou a citar de cor). Mesmo a mais sã, se assim lhe pudermos chamar, das doentes o aconselha a fugir - "RUN", escrito num bilhete que lhe é direccionado.
Compreendo perfeitamente a outra teoria e o que leva tanta gente a partilhá-la. Contudo, finco o pé. Acho que Teddy não quis viver como um monstro, compactuando com as mentiras que lhe tentaram impingir e que o pintavam de uma forma que ele jamais seria capaz de aceitar. Nunca se esqueceu do propósito que o moveu e levou a descobrir a verdade. Uma vez conseguida, sem mulher e com os traumas da guerra, não havia porquê continuar com as memórias que o assombravam. Aceitou que nunca conseguiria fugir e, como tal, uma lobotomia iria sempre apresentar-se como uma melhor opção do que uma vida condenada não só aos seus próprios monstros como àqueles que tentavam fazê-lo crer que tinha.
O agente morreu como um homem bom. E quem mata os homens bons são os maus. No fundo, tudo se resume às raízes dos contos de fadas. No fim até mostram o castelo (farol) - imagem tipíca dos "felizes para sempre". Só não é o princípe a ganhar, desta vez. Mas tudo bem, sempre me ensinaram que não se pode ganhar sempre.
Vénia grande ao menino Leo que está crescido. E ao senhor Martin, ao senhor Martin também. DiCaprio e Scorsese como o vinho (para quem gosta, claro, não é o meu caso): melhores com a idade.