Há noites em que não dormimos para resolver as coisas. Esta é uma dessas noites (posso chamar-lhe assim quando daqui a pouco é de manhã?). Deitei-me depois de um dia que me soube bem, de conversas de café de que tinha saudades, e mesmo assim andei às voltas na cama, por mais de uma hora. Levantei-me e voltei a ligar o PC, para investigar mestrados em Coimbra, imagine-se! Nem sei porquê decidi entrar no MSN e lá estava ela...a minha dor de cabeça dos últimos tempos. Falámos. Não foi daquelas conversas em que se diz tudo o que se quer dizer, mas em que se decide tentar outra vez, e deixar para trás o que passou. Há amizades que valem a pena, por muito que nos façam doer a cabeça.
Depois, há aquelas que parece que nem dão trabalho, que não é preciso cultivar, de tão fáceis e despreocupadas que aparentam ser. São mantidas com algo tão simples como uma ligação telefónica, que pode surgir a qualquer momento, por qualquer motivo, porque se sabe que há alguém do outro lado para ouvir. Claro que, quando os astros se alinham e é possível passar-se algum tempo junto, as coisas são ainda melhores, e metem ainda mais risadas. Ou abraços e pedidos de silêncio e apoio, conforme o momento.
Por fim, há as amizades que não se esquecem. Vêm do jardim de infância e prolongam-se indefinitivamente, mesmo que tenham começado com uma das partes a dizer para o resto da criançada: "Não vamos ser amigos destaaa". Note-se que fui eu a vítima, a entrar para uma turma já formada, transferida de outra escola, que era mais longe de casa e dava menos jeito. Passou-se mais de uma década, e podem passar-se meses sem grandes conversações, que quando nos encontramos é como se nunca tivessemos ido embora. É aquela pessoa que é a nossa pessoa, para o que der e vier.
Não há compartimentos estanques e amizade que é amizade tem um bocadinho de tudo: trabalho, perdão, simplicidade e uma promessa de cumplicidade sem data para expirar.