Só posso ter acordado com os pés de fora

Ontem, em mais uma daquelas conversas de MSN, discutia com um amigo, de terras brasileiras, a imagem que eles tinham dos portugueses por lá. Ele tinha vindo dos EUA, onde esteve a estudar no último ano, e conheceu muitas pessoas de Portugal. Diz que somos "gente boa e bonita", e que está mortinho por passar por cá. O que o preocupava era a imagem que tínhamos deles. Contaram-lhe que há muitos brasileiros problemáticos por cá, ao que ele respondia, com toda a sinceridade "se é para ir o podre para Portugal mais vale ficarem no Brasil, não quero má imagem nossa por aí". Passámos pelo acordo ortográfico e pelas queixas dele, de já não poder escrever pinguiim: "adorava o trema" e acabámos a brincar com o sotaque um do outro, que maravilha ambos. A conversa do brasileiro vs. português ficou esquecida, e voltámo-nos para as recordações do mês passado em Itália.

Hoje, depois de uma ronda pela Internet, eis que dou de caras com a seguinte performance de Maîte Proença:

Não vou repetir os insultos que milhares de internautas portugueses (e brasileiros) já lhe fizeram. Não vou reproduzir os 140 comentários que a põem na linha, no seu próprio blog. Não vou reforçar que Sintra é mais do que um número de porta virado ao contrário, bem como os portugueses. Nem vou dizer que cuspir na fonte dos Jerónimos, para além de nojento, é de alguém com pouca formação. Nem sequer me vou atrever a comentar o facto de nos ter chamado esquisitos, porque, de facto, somos. Então vejamos: até temos um rio que acaba em mar! Portugal também faz disso. Amazing. Portanto, a única coisa que vou referir é que nesta "terrinha", como lhe chama a senhora Maîte - num pedido de desculpas mal formulado no seu blog -, não vão haver muitas mais pessoas a comprar os seus livros, pelo menos enquanto se lembrarem destas mais recentes declarações.

Há coisas que me espantam diariamente, e outras, como este vídeo, que quase não acredito terem sido possíveis. Mas isso sou eu. Provavelmente estou implicativa. Só posso ter acordado com os pés de fora.