Em modo inspirado

Há dias em que não sei porque faço o que faço. Se fui eu que escolhi esta profissão ou se, por circunstância e oportunidade, foi ela que me escolheu. Há muitos dias em que me sinto embalada por uma vida comum, estável e que se faz com um despertar todas as manhãs, à mesma hora. E depois há outros, em que todo este mundo da comunicação me fascina tal e qual criança em noite de Natal. Em que chego a casa com o bichinho no estômago e as ideias na cabeça. Em que me deixo entusiasmar por completo por uma coisa que já vi e ouvi dezenas e dezenas de vezes. Dias em que penso: "Eu nunca poderia fazer outra coisa que não isto". 

Eu nunca poderia conceber uma vida sem escrita. Sem palavras e sons. Sem a pressão, tantas vezes ingrata e tão pouco reconhecida, da produção de conteúdos completamente díspares nos mesmos 60 minutos. Sem o esforço mental de conseguir mudar rapidamente para outro assunto, manter a criatividade e cumprir o objetivo do texto. Nunca poderia conceber uma vida na qual não lidasse, de forma tão próxima, com outras pessoas. Com o público da minha empresa ou projeto. Com aqueles singulares que tantas vezes fazem mais barulho do que qualquer multidão; aqueles que estão do outro lado e que são quem eu realmente quero ouvir.

Ter o privilégio de fazer tudo isto num momento da história em que as formas de comunicação estão em mudança permanente, e em que o paradigma digital chegou de assalto para derrubar as outras plataformas, é incrível. Nasci com computadores pessoais ainda em fase embrionária. Quase três décadas depois, escrevo mais rápido num teclado do que com uma caneta. Cresci a redigir blogues, abandonando cedo os diários. A ver o planeta através da Internet. A aprender, enquanto utilizador final, como funcionavam as primeiras redes sociais. Hoje, é delas que me sirvo para passar as informações que quero. Mas há ainda tanto por descobrir, há ainda tanto para testar, compreender e aprimorar que as possibilidades são infinitas. É que, mesmo num ecrã de computador, é o comportamento humano que estudamos. E eu não poderia ser mais grata por o poder fazer no meu dia-a-dia e chamar-lhe de "trabalho". 
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