Como a música muda tudo


Sentei-me no chão da sala e comecei a remexer nas prateleiras mais baixas. Tantos CDS esquecidos e preteridos pelo MP3, rápido, e com música feita à pressa, de batida igual a tantas outras. Liguei a aparelhagem. Será que tinha pó? E começou a noite de discos pedidos. A televisão estava desligada e até o irmão ficou atento. O pai resmungou enquanto a música não parou. Estás a deixar-me louco, não me deixas ouvir nada até ao fim. A mãe cantarolava, mesmo que de outra divisão, e eu...bem, recuei até outros tempos, em que as melodias faziam parte do meu dia-a-dia, servindo como banda sonora ao meu crescimento. Sei Suzanne Vega do início ao fim; trauteio Andrea Bocelli sem dificuldade e até as harmonias dos Vangelis estão presentes, como se as tivesse ouvido ontem, pela primeira vez. Apoderei-me de todos eles e meti-os ao bolso. Só eu sei o quanto gosto de conduzir de vidros abertos, sob as estrelas, e poder cantar em plenos pulmões o que me vai na alma. Fiquei a ouvir Richard Clayderman - na minha cabeça, que o CD está perdido - presa em memórias que sabem bem, e subi, para o quarto, de sorriso rasgado e coração cheio. 

Pensar que poderia ter sido mais uma noite de novelas e séries repetidas, isolados em divisões diferentes, sem o mesmo respirar.
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