"Monstros" são quase duas mãos de letras

                                                                       Marilyn Monroe

2. Sono mau, opressivo.
3. [Figurado]  Pessoa ou coisa importuna; importunação.


Sabiam que carta em inglês são letras? (letters)
Dizem que os torturados escrevem melhor, que os desgostos de amor criam génios, que não há artista sem drama. Na realidade, não sei quem o diz, mas não me lembro de pensar de outra forma. Mais real ainda, todavia, é o facto de não notar absolutamente nada. Tento pensar em palavras elaboradas, quero convidá-las a entrar no texto, na frase adequada, atrás de ponto e vírgula ou depois de dois pontos. Seja como for, que venham determinadas e que dêem azo a discussão. Tudo o que me ocorre, porém, são banais "esdrúxulas" e "desamores", como se nelas residisse algum desafio. Escrevo igual, com a mesma presa de deitar o pensamento para fora, embora com uma vontade mais urgente de o fazer. Será isso? Os torturados produzem textos de madrugada com se tivessem acabado de acordar num caldeirão mágico de coca-cola? Parece-me de dia, mas ainda não dormi. Fechei os olhos e desacelerei a respiração, imaginei um papel em  branco, forçando a mente a um apagar literal. Não resultou porque as dúvidas estavam lá. As perguntas todas, as conversas baralhadas, os discursos pouco coesos e com necessidade de orientação. Abri os olhos, assustada e ofegante, como quem vem de um pesadelo. Nunca me explicaram que entre papão e ponto de interrogação havia mais em comum do que uma rima. E por isso fui apanhada de surpresa quando as letras se juntaram para ecoar repetidamente, fazendo-me recordar. Fui apanhada de surpresa quando percebi a imensidão do alfabeto, dos sinais e da eternidade de espaços entre eles. 

São horas de dormir, mas ele acordaram todos. 
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