Há lá melhor dia para reclamar que o de Greve Geral!

                                                                                                                Amanda Seyfried

Nunca fui a problemática. Costumo ser a easy going, a maria vai com as outras que reclama em casa, mas que não quer problemas na rua. Detesto escândalos, reclamações e perder tempo e energia com situações que, geralmente, são provocadas por um sistema de gestão ineficiente e incompleto. Por muito que grite, esperneie e receba um cheque que me dá razão, a história não muda e repete-se com terceiros que nem sempre gritam, esperneiam ou recebem um cheque, porque não estão para se chatear. E está bem que somos uma sociedade livre e democrática, que temos que defender os nossos direitos, porque ninguém o fará por nós, e que o "deixar andar" é do piorio. Às vezes, todavia, e só às vezes, não há, de todo, disponibilidade mental para tentar estabelecer um discurso coerente com quem não o quer ouvir. Por outro lado, tento sempre colocar-me no lado de lá, no lado de quem dá a cara e onde eu, por diversas ocasiões, já estive: quase nunca têm nada a ver com os nossos problemas; são apenas pessoas, como nós, com a particularidade de serem pagas para os ouvir e resolver. E o “são pagas” nem sempre é critério suficiente, quanto mais não seja pelas quantias que recebem, para eu ter coragem de lhes moer a cabeça como se não houvesse amanhã. É por isso que, quando sou eu a problemática, quando deixo de ser a easy going, sei que há realmente qualquer coisa que não está a bater certo e que, por muito que me chateie mais reclamar do que a quem ouve, vou ter de o fazer.

Estou inscrita num novo ginásio desde a sua abertura. Adoro o espaço, sou fã do conceito e não encontrei ainda um professor, PT ou auxiliar com que não simpatizasse. Recomendo o ginásio a toda a gente e já o impingi a um conjunto de amigos. A minha irmã foi arrastada e, desde então, as nossas conversas em casa são de perfeitas anormais: “Hoje fiz a passadeira a 12” ou “Já consigo na máquina 20, com a carga 15, uma repetição de 30”. O meu único desgosto é não poder ir lá mais vezes (ei-la, a tese, presença assídua deste blogue). Ou seria, não fossem os e-mails trocados com o apoio ao cliente. E bem sei que eles não têm culpa nenhuma e que eu sou uma chata, mas acabo sempre mais frustrada no fim da conversa do que quando comecei.

Então é assim: pago €6.60 por semana. É o que diz no site, plataforma, por excelência, de divulgação da marca. Mas o pagamento não é feito à semana, é feito à quinzena, havendo uma alusão a pagamentos que se supõem ocorrer duas vezes por mês, no valor de €13.20 cada. Não temos outra forma de os fazer se não aceitando o débito direto, e temos simplesmente que o conceder, duas vezes por mês, porque não podemos pagar uma mensalidade, como é habitual. Para quem, como eu, faz as contas à vida e organiza a contabilidade ao pormenor, a cada dia 1, é ligeiramente enervante ficar com dinheiro no saldo que sei que já não me pertence. E eis aqui o Santo Graal: o que na realidade acontece, com estes pagamentos de 14 em 14 dias, como mo indicaram numa troca de e-mails, é que acabamos por ter uma despesa superior àquela que teríamos caso o pudéssemos fazer apenas no fim/início de cada mês. Isto porque, claro, há meses com mais semanas do que outros (mais com 5 semanas do que aqueles que têm 4), o que faz com que tenhamos 3 pagamentos por mês, e não os 2 em que, ingenuamente, se pensa. E tudo isto é legítimo, legal e lógico, só não é correto (quanto a esta parte, sabemos já, raramente há algo a fazer). Mas vejamos, na realidade, acabamos por pagar 3 vezes os €13.20 por mês, correspondendo o valor semanal, para um mês de 5 semanas, a €7.92 por semana, e não aos anunciados €6.60.

Logicamente, não é pela diferença do montante. É um ginásio low cost e o euro a mais compensa largamente a utilização. Só não é o que é passado a um potencial sócio quando se pensa em inscrever. Talvez seja defeito profissional; ando pela área da comunicação e não o faço com o intuito de induzir as pessoas em erro, mas este é exatamente aquele tipo de situações que me tira no sério. Não pelas pessoas que mas esclarecem, que só fazem o seu trabalho e da forma mais competente possível, mas por aqueles que estão por trás, que têm que ser sempre mais espertos que todos os outros.

Ora, o que eu gostava muito, mesmo muito, era que me facultassem referências multibanco e me dissessem assim: até dia 1 de cada mês, tem de pagar €13.20, e até ao dia 15, outros €13.20. Quanto muito, nos meses de 5 semanas, a €6.60 cada uma, pagar um total de €33.00 e não de €39.60, como está a acontecer. Tudo isto, claro, quando sempre achei que iria pagar €26.40 por mês, porque é isso que se pensa quando lemos “pagamentos quinzenais”, mas essa parte é, obviamente mea culpa; minha e da boa-fé.

Adenda: Quando as contas são efectuadas para um valor anual, e esse total dividido por todas as semanas do ano, bate certo. Não há aqui qualquer complô maquiavélico, apenas uma comunicação ilusória e (cheira-me) propositadamente enganadora. Estou muito satisfeita com o ginásio e este não é um post de revolta, mas de alerta para o mundo que nos rodeia, e para aquilo que nos habituámos a não questionar. Se anunciam os pagamentos como quinzenais, têm de ser feitos de 15 em 15 dias e não de 14 em 14 (14 + 14 = 28; nenhum mês em 2012 tem 28 dias, pelo que acabamos sempre por pagar  dias em excesso, e daí as discrepâncias entre os valores expectáveis e os de facto praticados).
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