5h57


Isto da mudança da hora é coisa que muito bem me faz. Ainda o sol não nasceu e ando eu, pela casa, fresca que nem uma alface. Sinto que o dia é maior, e não mais pequeno, que a manhã estica e as oportunidades também. O fim-de-semana já vai prolongado (esta história do hífen lembra-me que já começa a ser hora deste blogue adoptar o novo acordo ortográfico), mas as tarefas continuam no seu canto, lá a um monte. E quando o último dia se aproxima, o último antes de se voltar à rotina, acordo ansiosa e com a sensação de que não fiz, não li, não cozinhei ou vi tudo o que queria. Tenho a mania de rever todas estas coisas com a cabeça no travesseiro, a meio dos sonhos ou em acordares agitados. Deito-me com a tranquilidade de quem sabe que ainda vem aí um feriado e desperto com o tremor daqueles que cederam à preguiça. E é sempre assim, sempre que algo de importante está para acontecer o sono é espaço de treino e recapitulações. Ou sempre que algo ficou por fazer, a noite é agitada e às voltas, até que o corpo cede e se levanta, mais cedo do que o costume, quando de tão escuro parece tarde.

Eram 5h57 hoje de manhã, um robe e um sofá. Algumas horas na ronha e dois filmes manhosos na TV. Foi quanto bastou para perceber que podia descansar: as horas do meu dia permaneciam em branco porque assim as deixei, porque assim as consegui deixar. Sim, a pilha de roupa continua por arrumar e seria maravilhoso que me apetecesse trocá-la pelas camisolas de Inverno. Mas ninguém morre se eu não quiser passar a tarde assim. E já não me lembrava dessa sensação, dessa de que posso escolher o que fazer a seguir porque não há nada de urgente, fundamental e imprescindível para levar a cabo.

É de aproveitar enquanto o sol não volta a nascer.
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