A animação é por conta delas ou de como temos de começar a celebrar os aniversários na garagem


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Levar a minha família a locais públicos é mais ou menos o mesmo que saber que o mundo vai ruir, e ainda assim dirigir-me para o furacão em erupção. Pode o restaurante ser o menos barulhento, o mais calmo e isolado espaço de todo um pequeno Portugal, que eles chegam e a festa começa, ou a paz acaba (depende das perspectivas). Eis que são pessoas que gritam para quem está sentado ao seu lado como se um fosso enorme as separasse, ou que decidem falar, acima de tudo, ignorando que já todos os outros o estão a fazer e que, por isso, obviamente, ninguém as irá ouvir. Ninguém se irá ouvir. Poderia chamar-lhes “conversas cruzadas aos molhos”. Isto, claro, se existisse alguma conversa. Não há, porque está demasiado ruído, ou porque optam por tentar a proeza de participar em todas ao mesmo tempo, sempre a falar, pois está claro. São assim como uma espécie rara, quase em vias de extinção, toda ela concentrada – sobretudo – no lado materno. Quem sabe, porque as mulheres são em maior número. Provavelmente porque são logo três que cresceram juntas. As causas são ainda um mistério, mas o fenómeno do quem-fala-mais-alto-e-ao-mesmo-tempo-e-no-fundo-não-diz-nada-de-substancial está mais do que comprovado.

E eu adoro estas coisas. Não os momentos em que penso arrastar-me para baixo da mesa ou arrastá-las para o porta-bagagens mais próximo. Mas todos os outros, todos aqueles que resultam da mesma loucura e que garantem diversão mesmo no mais entediado, sem-graça e rígido espaço.
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