Bom, bom é regressar a casa com as janelas do carro abertas. É sentir o cabelo ficar despenteado e notar o volante quente, do sol com que se bronzeou toda a tarde. Bom, bom é não apanhar trânsito. É carregar no acelerador e deixarmo-nos ir.
Mau, e mau à brava é apanhar pela frente um chico-esperto que, numa tentativa completamente falhada de entrar na auto-estrada, se atravessa entre duas faixas (a de aceleração e a primeira da via rápida), e nelas fica a repousar. É claro que os condutores brilhantes e descontraídos que vêm lá do fundo, despreocupados com a vida e convictos de que ninguém no seu perfeito juízo fará algo do género, acabam por ter que se desviar, muito em cima, mas com perícia, para evitarem um acidente dos grandes. O problema é quando condutores desses, sem culpa nenhuma, não têm outra solução se não desviarem-se para a faixa da esquerda, na qual já se encontra outro boguinhas, igualmente brilhante, descontraído e desprevenido face à obstrução no caminho.
É assim que do som dos passarinhos passo para ouvir o de uma valente buzinadela. Tudo por causa de um nabo que não se decidiu entre o receio de entrar na estrada quando outro carro se aproxima, e ficar no sítio que lhe pertence até poder fazê-lo em segurança. É que eu até percebo que se quisesse meter, palavra que sim. É chato estar horas e horas à espera que não passe vivalma. Mas caramba, não é um caminho de terra; é um bocado de cimento onde se pode andar até 120 km/h! E que quisesse arriscar, vá; ao menos que o fizesse com rapidez. O que eu não entendo, por muito que puxe pela cabeça, é a escolha do sítio para tomar a decisão em causa. Não sei, parece-me algo....como direi? Perigoso?