Há pouca coisa que me deixe tão bem disposta quanto ouvir ouvir, bem alto e no carro, a música que eu gosto a passar na rádio, logo às sete da manhã. É assim que desperto e que dou os bons dias a tudo o que me rodeia. Lembro-me de tempos em que começava as manhãs na outra margem do Tejo e no quão feliz ficava por ver Lisboa aproximar-se, devagarinho; Lisboa que me está no coração, Lisboa que é das mais belas cidades do mundo. A ela, e só por ser quem é, gritava um olá e dava-lhe as boas vindas, como se fosse eu, e não ela, a anfitriã. Deixava-me respirar fundo para a sentir, para sentir que o dia ia começar bem. Lembro-me do pôr-do-sol em cima da ponte 25 de Abril e das noites cheias de luzes. Lembro-me de tudo o que importa, de tudo o que importou, e enquanto puder lembrar-me, bem, estou viva.
*que é quase, quase como quem diz "I'm not a gir, not yet a woman". Ahah, quase.