Não há quem consiga acordar cedo e fresco com um tempo destes. Eu, pelo menos, não consigo. O despertador toca e je engonha. Fico na cama o máximo de tempo que posso, que é como quem diz, até já estar tão atrasada que me levanto de um pulo e me despacho num instante. Acabo por sair de casa à mesma hora, a rotina é que se torna menos demorada. Ora, num dia bonito como o de hoje, cinzentinho e cheio de chuvinha, eu pergunto: para quê a pressa?
Num percurso de 20minutos passei por três acidentes de automóveis, sendo que dois deles me pareceram graves. Refiro, claro, 20 minutos normais, que hoje foram algo como uma hora e meia. Parece que as estradas param quando cai uma gota de água. Mas tudo bem. Estou atrasada? Sim. Tenho sono? Sim. Quero voltar para os cobertores? Sim. Onde é que eu estou? A caminho do trabalho e não há nada que possa fazer para mudar isso.
O rádio acompanha-me por momentos, até a minha cabeça ir parar longe, a um sítio diferente e onde toca outra música. Só as buzinadelas me acordam e me lembram que sim, é verdade: todos nós nos desiludimos. Há pessoas com carácter e gente sem ele. E mais uma vez, não há nada que se possa fazer para mudar isso; porque há coisas que não se conseguem mudar. Vai-nos aparecendo uma e outra, ao longo da vida, e há alturas em que não podemos se não lidar com a situação, como com o trânsito, esperando que passem e nos deixem seguir em frente. Isto quando não temos que ser nós a desviar-nos, porque quando o caso é grave, mais vale ligar os 4 piscas.