A minha máquina desapareceu

Passei quase dois anos a querer comprar uma máquina fotográfica. Quem me conhece, sabe que é uma das minhas obsessões. Namoro-as até ter a certeza que é para casar. Mas, quase sempre, as aquisições são na realidade fruto de um amor à primeira vista. Desconfio sempre. Espero o preço baixar. Rondo, sondo e aguardo até ter mesmo, mesmo a certeza. A mesma que tinha desde que lhe pus os olhos em cima. Aguardo sempre, embora saiba bem o que quero, assim que vejo. 

Depois de quase dois anos a querer esta máquina específica (com outras a entrar pelo meio - são todas diferentes, fazem todas fotos diferentes, não me venham com histórias), comprei-a. Dei-lhe todo o meu amor, carinho e dedicação. Graças a ela, criei o blogue de culinária que há tanto queria. E tirei fotos como sempre quis. E fomos felizes, como eu sempre soube que íamos ser. Era uma relação perfeita, em plena harmonia, mesmo sem qualquer manual. Era uma relação que hoje terminou, sem que eu ainda tenha aceite que é o fim.

Os últimos dias foram de evento. Passei o sábado e domingo com ela ao ombro, para lá e para cá, no escritório improvisado lá na arrecadação do MEO Arena. Deixei-a à solta, sem bolsa, e aos saltos no carro. Ontem, larguei-a em cima de uma pilha de roupa no quarto, sem qualquer tipo de equilíbrio. A antecipar a sua queda a qualquer momento. Reforcei o espaço com uma almofada para a amparar, e fui dormir tranquila. Hoje, saí com ela para o trabalho. Achava que sim. O pai diz que viu, acha o mesmo. Cheguei, porém, ao trabalho sem máquina. Dei logo pela falta. Achei estar maluca e ter deixado em casa. Não está em casa, nem no trabalho, nem no carro.

A modos que só me apetece ter 4 anos outra vez para poder chorar baba e ranho por um objeto sem qualquer tipo de censura.
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