Silly Season - a ultrapassar qualquer limite



Ontem não estava por casa. Creio que, mesmo que estivesse, teria sido difícil ver a entrevista em direto, já que nem a TVI, nem a Judite Sousa, são minhas escolhas habituais. Mas depois de todo o sururu nas redes sociais, decidi ir espreitar a entrevista que a 'profissional' fez a Lorenzo Carvalho, um miúdo que, pelos vistos, tem dado que falar apenas por ser rico e só eu não conhecia ainda. Neste momento, não sei o que dizer. Todo o posicionamento da entrevistadora é de uma falta de respeito, sensibilidade, postura e classe que é uma coisa abismal. Age como se tivesse  direito de fazer as perguntas que faz, no tom acusatório que usa, como quem é dona da razão e nem pensar não a ter. Não a tem, e tendo-a, te-la-ia perdido. Não só é extremamente enervante assistir, pela deselegância de todo o contexto, como apenas apetece ir lá e perguntar-lhe se, agora sim, pode voltar ao jornalismo. Foi um trabalho - podemos chamar-lhe assim? - escusado e um momento apenas triste em TV. E nem era preciso o Lorenzo lá estar. Que não conheço, não defendo e não vitimizo. A Judite fez tudo sozinha. Experimentem ouvir apenas as perguntas e notem como se fica igualmente revoltado. Quando ela decide interromper, pela milésima vez, o discurso do rapaz, para lhe perguntar se os acidentes trágicos que a família sofreu envolveram assassinatos confesso que senti alguma repulsa. Afinal, ele foi lá para falar do quê mesmo? Foi porque tem dinheiro e pronto? E não há preparação de entrevista? Vamos chamá-lo de fútil e condená-lo por ter mais do que nós. E quando decide avaliar monetariamente o relógio que o entrevistado tem no pulso? Claramente fundamental para a conversa. Ou momentos como. "Você é muito excêntrico, tem o corpo todo tatuado".

Unicamente lamentável. 
Daquelas situações em que sinto vergonha alheia. 

Quem é senhora dona Judite Sousa para dizer a alguém que tem de ajudar os pobrezinhos ou que deve sentir-se mal por fazer a vida que quer quando o país está em crise? Já chega da mesma conversa de sempre, da mentalidade pequenina. 

Eu quando ajudo é porque quero. Não porque alguém me aponta o dedo. Muito menos em televisão nacional. E isso faz-me sentir também ligeiramente desconfortável por ser portuguesa, quando foi esta a imagem de ataque que a jornalista, do canal português, passou a um miúdo que nem há um ano vive por cá.

Obs. Não pagou a Pamela Anderson da forma que a imprensa fez querer, não gasta um milhão de euros por corrida e não sonha ser piloto de Fórmula 1. Tudo informações na peça que a TVI fez para o introduzir. Magnífico. 
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