O domingo, com atraso

Ontem estive o dia inteiro sem ligação à Internet. Para ser mais precisa, o corte teve início na madrugada de sábado para domingo e só terminou às quatro e dezoito da manhã. Não, não estava a olhar para o relógio, mas o meu telemóvel insistiu em fazer uma barulheira quando as atualizações do Facebook e e-mail voltaram a funcionar, ignorando por completo que nem há vinte minutos me tinha deitado. Curioso ou não, foi a noite em que mais trabalhei e em que mais produzi. Mas não quero mais disso. Sou perfeitamente capaz de passar sem conexão ao mundo virtual, caso tenha a possibilidade de o fazer com o real. Ora, fechada e obrigada a assim o estar, por um trabalho que tem menos de um mês de vida, as coisas ficam muito complicadas. Posso afirmar, sem grandes rodeios, que estive à beira da loucura. Esperneei e dancei pela casa, como se isso fosse mudar algo. Quando, às 11 horas, a senhora da Zon afirmou, com a maior tranquilidade do mundo, que cinco da madrugada era apenas o prazo máximo para a resolução dos problemas, quase que me apeteceu bater com a cabeça contra a parede até esquecer a informação. Passei o dia na esperança que tivessem exagerado, em muito, o horário, para que pudessem ter margem de manobra e ficar bem vistos. Está claro que nada aconteceu.

Hoje saí da cama sem saber bem como, fui tratar da dissertação ainda antes de chegar ao trabalho, dei boleia para a escola à irmã, passei a hora de almoço à procura de materiais inexistentes e toda a tarde a tentar satisfazer pedidos de todos os lados. Estou de rastos, ainda que naquela fase em que me encontro demasiado cansada para o sentir. Estou aqui a fazer um esforço descomunal para permanecer acordada e acabar aquilo que quero. Em vez disso, como qualquer mente morta, distraio-me ainda mais do que o normal, trabalho ainda menos do que o costume e insisto, mais do que sempre, para mudar esse rumo. Há horas que nada. Nem uma nova palavra, nem uma nova pesquisa. A folha está em branco, mais ou menos como a minha cabeça. A teimosia, porém, mantém-se hirta e com vontade de triunfar. 

Há dias em que me convenço de que, afinal, posso ser a Super Mulher. 
O ego já cá canta. E outras vozes, também. No Youtube, que com música, tudo fica incrivelmente mais fácil.
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