E de metro? Não andam de metro à hora de ponta?


Começa a chatear-me um bocadinho a conversa do Pingo Doce. 
Não foi uma estratégia pacífica e cada um olha para ela com aquilo que de elogio e de repulsa lhe merece. Ou com um pouco dos dois, que a vida a preto e branco é só para quem sobrevive sem cor. Não sei fazer disso. Só eu, com a insignificância a que me remeto, já ouvi umas quantas coisas completamente contraditórias com que concordo em absoluto. Peço desculpa aos autores, mas é tanta informação e diz que disse, desde então, que não fixei:

1. A escolha do dia é de muito mau gosto; um desvio de atenções patético.
versão b) A escolha do dia não podia ter sido melhor: foi a única forma da grande maioria das pessoas poder realmente usufruir dos descontos. Sim, porque só quem vive noutro mundo acredita que a população de hoje ainda trabalha de segunda a sexta e sai às 18h00; fora o Dia do Trabalhador, também trabalham aos feriados.

2. O Pingo Doce fez o que as marcas fixes fazem em todo o mundo. O problema é que o Pingo Doce não é uma marca fixe, é um supermercado. 
versão b) O Pingo Doce preferiu reduzir o lucro para anular a concorrência, mas esqueceu-se que a tendência é para menos liquidez em maio: mais compras já feitas, e feitas com menor margem.

3. Do ponto de vista do marketing foi excelente: nem um anúncio feito, nem um centavo gasto em publicidade: um resultado estrondoso.
versão b) Do ponto de vista humano foi uma experiência: quiseram saber como é que os portugueses iriam reagir em caso de escassez de alimentos. Chumbámos.

4. As pessoas são loucas, primitivas e pouco civilizadas.
versão b) As pessoas são espertas, pacientes e determinadas. (estas são minhas)

Com tudo isto, e pesando prós e contras, eu, que estava acordada desde as 07h00 de dia 1, teria ido para lá com muito gosto, tivesse antes sabido do que se iria passar. É que em minha casa vivem 5 pessoas e não, nenhum de nós é selvagem, quer alimentar um restaurante nas traseiras ou rouba para sobreviver à crise. Mas todos juntos consumimos muito. E estas coisas dão jeito. Mesmo que tenhamos que esperar algumas horas e olhar para prateleiras vazias. Experimentem tentar apanhar o metro em Sete Rios às 08h50- 09h00 e depois conversamos sobre o comportamento animal da espécie humana.

A estratégia deixa-me com muitas dúvidas. Aceito-a como consumidora passiva, e afasto-a, em alguns pontos, enquanto ser pensante. O comportamento das pessoas, todavia, não me choca nem um bocadinho. Vejo disso todos os dias e até em lojas de roupa, completamente viradas do avesso. Estávamos a falar de comida, senhores. De estranhar seria se tivesse sido um dia tranquilo e sem qualquer reacção. Com crise, meia crise ou lua cheia. Ao freguês, tanto faz!
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