A saga do 'back-in-shape' caseiro #1


Entorse no pé é coisa essencialmente chata. O médico chamou-lhe traumatismo-não-sei-quantos-da-região-do-não-sei-quê. Eu chamo-lhe corta-saias, e a explicação é muito mais fácil: sem pernas de ginásio ou saltos altos a coisa fica complicada. Que me custavam certos movimentos eu já sabia. Deixei de dormir de barriga para baixo porque senhor pé se incomodava ao ficar virado. Passei a descer as escadas devagar, devagarinho até voltar a fazê-lo de forma minimamente decente. Não cruzei as pernas quando me sentei, por mais de duas semanas: ficar pendurado era coisa que custava ao tornozelo. E andei de meia, ligadura, pé elástico, pomada e anti-inflamatórios dia sim, dia sim. Gostei tanto, tanto, tanto que esta última etapa ainda continua. Fui ao Algarve e não nadei, parei com os mergulhos pelo impacto do pobrezinho na água. E o que ganho em troca? Experimentar calçar 15cm e não conseguir sequer levantar-me. Não foi dorzinha ao estar uns minutos calçada, não foi tortura sequer ao andar. Só não consegui levantar-me, tamanho era o esticão que tentar me fazia sentir. A modos que fiquei, pela primeira vez, realmente preocupada. Um metro e cinquenta e seis para o resto da vida? E a quantidade de sandálias que para aqui tenho à espera de uso este Verão? E o par que ainda nem viu a luz do sol? Não é justo. Não fui sair nessa noite, fiquei em casa e deste então tenho estado entregue às maravilhas do não fazer nada.

Pois que coisa assim me levou a um segundo dilema: então e o ginásio? Agora que estávamos de pazes feitas, ao fim de sete meses de quase total ausência de exercício, acontece-me uma destas. Em Janeiro os preços subiram e Miss Cherry, pimpona como só ela sabe ser, fez birra e meteu na cabeça que haveria de encontrar mais barato. Nem a 31, nem no mês seguinte. Em Março há mudança de trabalho, mudança de rua e localidade. Adeuzinho ginásio-caro-que-afinal-é-do-mais-barato-que-por-aí-há. Nova tentativa em Abril. Demo-nos mal, muito mal. Vieram-me com os contratos anuais e o meu estômago deu voltas. Maio trouxe os anos que é evento que se vive o mês todo e não só a 21, e entrando em Junho o calor foi fazendo a vontade e o dinheiro foi gasto pelo Sul. Pois que em Julho, totalmente mentalizada, cheia de saudades dos acordares de noite e das músicas com suor, o pé é mal colocado no chão e dá nisto. Sou renegada logo a dia 1, afastada dos saldos e do mundo, como se eu merecesse...! O pé está melhor sim senhor. Vai-se andando, como diz o outro, e como digo eu que o vou fazendo agora, de regresso à normalidade. As escadas já se descem, e subir nunca custou. A perna já cruza. Portanto, caramba, porque não aproveitar o aparelhinho do step que anda cá por casa? É uma questão de mais fibra na comida, mais energia na caminhada diária até ao metro e mais música durante o step. E os braços? Os braços estão vivos e de boa saúde e há por aí dois pesos (que podem igualmente ser substituídos por duas garrafas de litro e meio, para quem não os tem por casa). Quase parece que voltei a ser pessoa de treinos, daquela que está lá longe, há mais de um ano, mas que já sente a falta que lhe faz, espiritual e fisicamente (aqui foi a degradação progressiva e está na hora do "já chega"). 
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