Ontem a mãe fez anos. A mãe, que é gulosa, pediu bolo de mousse de chocolate. E eu, que o tenho feito quase todos os fins-de-semana a pedido de uma família extremamente apegada ao açúcar e afins, deixei-o queimar pela primeira vez. A mãe não foi de modos e exigiu logo um segundo – isto para além da tarte de maçã e do prato de brigadeiros que já existiam. Retirei o queimado do primeiro e cobri-o com Nutella. Uma verdadeira maravilha, diz quem experimentou. O que se lhe seguiu ficou a repousar no forno enquanto fomos jantar fora, sofrendo o infortúnio de uma cozedura exagerada. Não houve mousse para ninguém, mas o bolo estava lá, a duplicar e feliz da vida. Agradeceu quem comeu, resmungou quem ficou a lavar a cozinha.
Eu fui mais do género de fugir de mansinho para o quarto, assim como quem não quer a coisa. Deitei-me assim que pude e só acordei hoje, semi-enjoada de muita tarte de maçã com gelado de nata, algum champanhe e de uma dose de bifes de peru au champignon que dava para alimentar um estábulo.