Vou criticar antes de ver*


                                                                                                                               Tim Gunn e Heidi Klum
Estreia já para o mês que vem, embora ainda sem data marcada. O “Projecto Moda”, como foi tristemente apelidado, perde ainda antes de começar. Para já, sabe-se que não irá haver qualquer concurso entre as modelos e que os residentes não irão coabitar durante o período dos desafios, fugindo ao formato original (de sucesso). E não, também não há Heidi Klum (nem Tim Gunn, nem Michael Kors e nem sequer Nina Garcia) o que só por si torna mais fraca a imitação. (Não me façam falar do Project Runway Canadá que se me dão voltas ao estômago).

Não sou contra as adaptações aportuguesadas do que se faz lá fora, ainda que ache que há demasiadas boas ideias cá dentro que não são ouvidas em detrimento de um sucesso já comprovado. Percebe-se. Mas há também que perceber que um formato mal copiado nunca irá passar disso, de uma cópia, e má. Não retiro valor aos nossos; nem aos participantes, nem aos apresentadores (que não o sendo, podem vir a safar-se bem) e nem sequer ao júri. As realidades são diferentes e, portanto, adapta-se consoante o que se tem. São bons nomes. Todavia, quando se parte para um desafio em que o prémio final é um estágio de 6 meses na Modalfa (??) e no qual se perde a componente quero-espreitar-e-ver-tudo-porque-neste-tipo-de-coisas-as-relações-entre-os-participantes-também-contam-e-muito, bem, nesse caso caminhamos para algo do tipo…algo do tipo de um “Achas que Sabes Dançar?”. Mau. E eu nem sou particularmente fã do programa original, mas a imitação, então, é péssima.

Há talento em Portugal. Muito. Há que explorar os programas que o descobrem, expõem e compensam. É um bom investimento, quer para quem produz, como para quem participa. Não é - pelo menos, frequentemente - enquanto compramos a fruta da semana no Continente que descobrem se somos bons designers, cantores, dançarinos, actores, escritores ou o que seja. Mas é preciso fazer as coisas bem feitas. É preciso parar para pensar. Porque um cocozinho de programa que podia ter tudo para dar certo com um outro tipo de lógica e ideias, ainda que aproveitando algo do formato, vai ser uma desilusão. Daquelas que se fala, nem que seja para ser mal. Daquelas que se vê, nem que seja para se saber do que se fala. E, sobretudo, daquelas que se espera melhor. Não presta, quando podia prestar. O objectivo mediático é cumprido. A estação fica feliz. As revistas cor-de-rosa exploram até ao tutano. E nós, bem…nós continuamos a fazer má televisão.

*...e redimir-me se estiver errada; bem assim à moda do bom português.
© POST-IT AMARELO 2014 | TODOS OS DIREIROS RESERVADOS

PARA MAIS INFORMAÇÕES:
♥ dopostit@gmail.com
♥ https://www.facebook.com/postit.amarelo
imagem-logo