O post do adeus

É isso. Não há muito a dizer. Poderia fazer deste post uma ode a todos os bons anos que passámos juntos, Mas o melhor registo que disso existe é o arquivo que por aqui se encontra e que, confesso, tenho algum receio de reler. Às vezes perco-me em textos realmente antigos e passo cada linha a questionar-me sobre quem os poderá ter escrito: eu ou a minha versão sonâmbula. O post-it amarelo foi um bom escape durante alguns anos. Foi um espaço muito desconexo, que nunca encontrou uma identidade certa. Sobretudo porque me acompanhou durante uma fase da minha vida em que trabalhei em agências de comunicação, e a escrita sobre marcas concorrentes às que eu trabalhava não me parecia correcta, mesmo que numa esfera pessoal. Por isso, houve sempre uma parte que ficou para trás. Uma vertente minha que adora tagarelar sobre beleza e maquilhagem, por exemplo. 

É bem verdade que poderia ter revitalizado esta morada. A determinado ponto, todos fazemos obras em casa. Mas há alturas em que se prefere, simplesmente, começar de novo. Agarrar no terreno e já construir tudo à nossa maneira. E eu estava a sentir essa necessidade. O Funky Flirt é um endereço que nasce de forma muito mais descontraída, com outras ambições e vertentes. Que conjuga todo o lado de diário com outras personalidades, mais próprias de uma revista online. Como está na moda dizer-se, hoje em dia, é uma plataforma de lifestyle. O que, trocado por miúdos, quer dizer que 
é um blogue como todos os outros, com o meu cunho e, desta vez, sem restrições.

Ainda não está como quero. Mas quando é que terminamos, realmente, de mobilar e decorar o sítio onde moramos?

Sejam bem-vindos. A porta está aberta, aqui


Uma história por dia

A de ontem chegou em filme. E que filme! A Hilary Swank é só uma das melhores atrizes da sua geração. Gosto dela desde sempre, mas só me tornei verdadeiramente fã com Million Dollar Baby. E se tinha achado boa a sua interpretação aí, You're not you elevou todos os padrões e expectativas. Não porque faz de doente. Não porque é a coitadinha. Mas porque, caramba, é extraordinária nisso tudo. Fazem-me muita comichão os óscares que só são atribuídos a papéis de doença terminal, álcool ou drogas. Todavia, admito que assim o seja pelo esforço de despersonalização que exigem a quem os executa. Seja como for, durante todo o tempo do filme acreditei piamente que a Hilary sofria de esclerose lateral amiotrófica. E foi doloroso. Pela progressão rápida da doença - que em pouco mais de um ano tudo mudou na sua vida - e pela manifestação avassaladora da mesma. É bom termos uma melhor noção do que é mau. Especialmente quando vem num formato bom.


Verdades de La Palice

São a típica boyband. Sem desprimor. Há dias em que as músicas de letra fácil e melodia pop, que fica na cabeça, são tudo o que é preciso para um sorriso nos lábios. Existem poucas coisas melhores do que reconhecermos uma letra de que gostamos na rádio, e conseguir cantá-la até ao fim, de vidros abertos e sol à espreita. 

Não são ídolos. Não os meus. Nem sequer são daqueles que consiga ouvir ininterruptamente ou com faixas com me façam sentir. Chorar, gargalhar, vibrar. As palavras nem sempre fazem sentido e têm refrões tão banais que ao terceiro repeat enjoam.

E no entanto, são tão bons. 

Porque mesmo com as partes em que a letra é mais fraca, mesmo quando o ritmo é dos óbvios e quando as vozes não estão como se exige a quem se diz cantor, os 3 giros que formam os D.A.M.A - pertencer a uma banda classifica-os automaticamente assim -  estão no meu carro, no meu quarto e na minha cabeça de forma tão natural que, na maioria das vezes, já não percebo. 

E hoje estreou música nova. Daquelas que encaixam perfeitamente nos refrões a que torço o nariz. Sem grande emoção durante todo o tempo. Mas depois, irra que há sempre um mas...! Depois surge um verso que diz "Vá lá não fiques convencida, só porque és mais gira do que querida". Surge esse verso que pode não querer dizer nada para o comum dos mortais, mas que é verdade universalmente instituída na minha geração. Que se é uma coisa ou outra, pelo menos para o sexo oposto e numa primeira apresentação. "Tenho um amigo muito querido para ti" é introdução para fazer fugir antes do encontro. E é com esta que me apanham. Com este fenómeno da identificação que, quase sempre, ocorre com frases feitas e tão genéricas que todos absorvemos. 

Há música de amor em que não tenhamos já encontrado algo de nós? E que músicas verdadeiramente existem que não abordem a relação entre casal? Tudo parece sempre escrito para o nosso caso, pelo menos quando é bem feito. Neste caso não. Neste caso, há mais de 5 versos seguidos que apenas dizem "não dá, não dá, não dá" e isso é só irritante. Não encontro um espelho, nem um elo. E logo a seguir rio-me sozinha. Logo a seguir, quando estou prestes a parar o vídeo. Rio-me sozinha que nem uma perdida, quando chegam as palavras que me divertem. 

Assim funciona.
Assim, estão de novo de parabéns.

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